quinta-feira, 8 de setembro de 2011


Hugo Possolo fala sobre a história dos Parlapatões

Estreia, neste domingo, 11 de setembro, o novo espetáculo dos Parlapatões: Ridículos Ainda e Sempre, a partir de texto do poeta russo Daniil Kharms. A adaptação ficou por conta de Antonio Abujamra e Hugo Possolo. A montagem é uma comemoração aos 20 anos do grupo e aos 5 anos do Espaço Parlapatões. O Parlapablog conversou com Possolo sobre a história do grupo. Confira e mate as suas curiosidades.



Como surgiu a ideia de montar o grupo?

Não teve uma ideia prévia. Foi acontecendo. Resolvi largar o teatro que fazia e resolvi me apresentar na rua. Fui convidando alguns amigos para participar. Depois de um ano e pouco, eram os mesmos. Depois de realizarmos três espetáculos é que nos preocupamos em adotar uma postura de grupo.

Quem deu o nome?

Esta terceira peça chamava-se Parlapatões, Patifes & Paspalhões, um texto meu de 1988. O Jairo Mattos, que fazia parte do grupo na época, ficou pelo menos uns seis meses insistindo de que o nome fosse este. Assim que aceitamos, ele saiu do grupo. O Jairo é um comediante de tempo integral.

Qual foi a maior dificuldade do grupo no início e durante esses 20 anos?

As dificuldades sempre existem e quem escolhe o ofício do teatro não está em busca de facilidades. Acredito que tivemos vinte anos plenos, com incríveis realizações, mais de 40 espetáculos produzidos e ainda montamos um Circo e um Teatro, que são procurados constantemente pelo público, respeitados pela imprensa, pela crítica. Durante 20 anos nos dedicamos a conquistar melhores condições de trabalho e apoio do poder público. É evidente que o Brasil está muito atrasado neste aspecto, algo que não é restrito somente à área da Cultura. O Brasil é um emergente ignorante e inculto, que ainda tem muito que e aprender sobre valores simbólicos, identidade cultural e seus fenômenos estéticos. Mas tenho certeza que na Cultura e na Educação é que devem estar as perspectivas de transformação da sociedade. Por isso, o Teatro que fazemos é irreverente, provocativo e vivo. E só é político por que é artístico.

Por que ter um espaço próprio?

Antes tínhamos uma sede voltada para ensaios, escritório de produção e depósito de material e cenários. Já era uma enorme conquista. Porém, nossa chegada à Praça Roosevelt, redimensionou nossa relação com a cidade. Estabeleceu relações que pretendíamos e que aconteceram mais rapidamente do que esperávamos. O Espaço Parlapatões recebe diversos grupos e companhias e isso nos aproximou artisticamente, pelo convívio, de muita gente que admirávamos. O local virou um ponto de encontro de artistas de teatro, jornalistas, cineastas e estudantes. Isso potencializou nossa capacidade expressiva também. Assim como já tínhamos uma preocupação com o diálogo do Teatro com a cidade – af inal começamos na rua –, percebemos a conquista de uma nova visão de urbanismo, onde o convívio da arte, que recuperou um lugar antes degradado, se estabeleceu ao devolver o espaço público da praça ao cidadão paulistano, em especial, aos moradores e frequentadores de teatros.

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