segunda-feira, 1 de agosto de 2011


Motivos para a nossa reflexão

No dia 13 de julho, Gilberto Dimenstein publicou, na Folha de São Paulo, um artigo falando sobre o Baixo Augusta e a Praça Roosevelt. Ele coloca o grupo Parlapatões e Os Satyros como “grupos teatrais de vanguarda e que se vinculam à revitalização da paisagem urbana”.

E hoje, dia 1 de agosto, a jornalista Gabriela Mellão escreveu sobre a Coleção Primeiras Obras, que será lançada em novembro, dentro das Satyrianas, e que terá textos de Hugo Possolo na coleção.

Veja abaixo os textos na íntegra.

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AUGUSTA: A RUA DO FUTURO

Não conheço em nenhum lugar do mundo uma única região que reúna em tão pouco espaço tantas tribos diferentes como Baixo Augusta. É a face do que pode ser uma cidade contemporânea, baseada na diversidade e na criatividade. Estou convencido que ali, nessa mistura caótica, está se fazendo o melhor cartão postal de São Paulo. Daí a importância simbólica de dois fatos.

A comunidade tanto lutou que conseguiu extrair da prefeitura a promessa que de um terreno com reserva de mata atlântica virasse parque --ali onde já foi o colégio Equipe (o DNA do ambiente do Baixo Augusta). O próprio prefeito Gilberto Kassab me disse que, apesar dos projetos imobiliários privados, vai ceder ao movimento pelo parque.

No local onde era um inferninho (Kilt), o poder público se comprometeu em ter uma praça, que será a entrada do teatro Cultura Artística, em fase de recuperação depois de destruído pelo fogo. A ideia é que a praça tenha espetáculos abertos e gratuitos de música erudita, conectada à praça Roosevelt, que conta com a proximidade com os grupos teatrais de vanguarda e que se vinculam à revitalização da paisagem urbana como Os Satyros e Parlapatões.

Aposto que, com as obras concluídas, ali será a grande praça da cultura do Brasil, mostrando o que existe de novo, como se fosse uma casa de espetáculo sem muros.

Parecem coisas pequenas. Mas nada mais contemporâneo do que a revolução do local. Nada mais contemporâneo do que usar a arte para criar ambientes democráticos e criativos no espaço público.

É a visão de que o bom da cidade, apesar de seu estresse, é o aprendizado pela convivência.

Gilberto Dimenstein, Folha de S.Paulo, 13/07/2011

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Editora lança peças de teatro inéditas em livro

Coleção idealizada por casa recém-criada registra nova dramaturgia do país

Autores como Mário Bortolotto, Roberto Alvim, Hugo Possolo e Rafael Primot ganham espaço em livrarias

GABRIELA MELLÃO
DE SÃO PAULO

A publicação de “O Livro dos Monstros Guardados”, de Rafael Primot, marca o lançamento de uma editora voltada para o universo artístico, a Terceira Margem Artes.
O texto, que permanecia inédito em livros, ganhou adaptação teatral que rendeu a seu criador o Prêmio Shell de melhor autor de 2009. É publicado agora na íntegra, com seus 11 monólogos originais -Zé Henrique de Paula, diretor da montagem, havia encenado só cinco deles.
A primeira preocupação do idealizador da editora, o ex-crítico de teatro da Folha Sérgio Salvia Coelho, é apresentar autores inéditos em livros.
Para Coelho, a demanda é vasta. “Existem muitos dramaturgos que acabam sobrando ao passar pelos filtros de grandes editoras”, diz.
Ele prevê uma tiragem de 500 exemplares por edição, além do lançamento dos livros em versão digital, no site da editora (terceiramargemartes.com.br).
“O ideal seria que todo ator encenado tivesse seu livro no saguão do teatro para vender”, fala ele, que também tem planos de publicar roteiros cinematográficos e estudos artísticos.

PRIMEIRAS OBRAS
Considerado padrinho de grande parte dos novos dramaturgos paulistas, o ator e fundador do grupo Os Satyros Ivam Cabral prepara para novembro, no evento Satyrianas, o lançamento da segunda edição da coleção Primeiras Obras.
Composta por nove livros individuais e um coletivo, a publicação documenta a produção de autores que são velhos conhecidos da praça Roosevelt, mas permanecem inéditos fora dos palcos, como Francisco Carlos, Lucas Arantes e Ruy Filho.
Roberto Alvim, Rodolfo García Vázquez, Hugo Possolo e Mário Bortolotto são alguns dos dramaturgos e diretores contemplados na edição. Eles têm sólida trajetória nos palcos, mas são raridade nas livrarias do país.

O LIVRO DOS MONSTROS GUARDADOS
AUTOR Rafael Primot
EDITORA Terceira Margem Artes
QUANTO R$ 30 (80 págs.)

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