quinta-feira, 11 de agosto de 2011


Autobahn é destaque na Folha de São Paulo

O espetáculo Autobahn, de Neil Labute, foi destaque na Folha Ilustrada desta quinta-feira, 11 de agosto. A montagem estreia hoje, às 21h, no Espaço Parlapatões. Confira abaixo a reportagem na íntegra e não perca!




Peça de Neil Labute usa o carro como metáfora da vida

DE SÃO PAULO

O habitante de uma metrópole passa cerca de 1/8 de sua vida dentro de um carro. O fato inspirou "Autobahn", peça inédita de Neil Labute que estreia hoje na cidade, dirigida por Soledad Yunge. O título significa autoestrada em alemão.

Labute, diretor de "Na Companhia de Homens" (1997), é um dos mais cruéis retratistas da sociedade. Neste texto, composto por seis histórias curtas que se passam dentro de veículos, o dramaturgo e roteirista norte-americano usa o carro como metáfora para a clausura voluntária e a constante aceleração do homem.

"O espetáculo reflete sobre como as pessoas atravessam as outras por dinheiro, poder ou qualquer coisa que desejam", avalia Yunge. Sentados num banco de carro, virados para a frente, os atores quase nunca se olham. Também não dialogam. Com raras exceções, apenas monologam.

Com conversas aparentemente banais, Labute ilumina as distorções dos valores da sociedade de hoje. As seis histórias apresentam o humor corrosivo habitual dos textos do autor. Enfocam relações de abuso, abordando temas como solidão, incomunicabilidade e desequilíbrio.
Projeções na parede do fundo do palco ambientam a viagem de cada personagem. Ao construir climas, tornam-se parte da dramaturgia. "Talvez tenha de ser assim, todo mundo acelerando, rápido demais para parar, rápido demais para se importar. Só correndo, cada um na sua viagem", diz a personagem Mulher diante de seu marido silencioso na história que fecha e sintetiza o espetáculo. A cena apresenta um casal que adotou um adolescente e acaba de devolvê-lo, como quem desiste de uma mercadoria que não se mostrou suficientemente satisfatória.

É curioso o fato de que todas as relações apresentadas no espetáculo sejam pessoais. "O autor rejeita as relações de trabalho, porque, nelas, o afeto pode estar esquecido", explica Yunge. "Autobahn" mostra que o afeto inexiste no convívio entre amigos, familiares e casais. As histórias evidenciam, no máximo, um vínculo de dependência.

(GABRIELA MELLÃO)

AUTOBAHN
QUANDO qui. e sex., às 21h
ONDE Espaço Parlapatões (pça. Franklin Roosevelt, 158, tel. 0/xx/11/3258-4449)
QUANTO R$ 30
CLASSIFICAÇÃO 14 anos

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