terça-feira, 3 de maio de 2011


O Anel e o Magalão

O Parlapablog conversou com Luiz Felipe Petuxo, diretor do espetáculo O Anel de Magalão, da Cia Dom Caixote, que estreia hoje, 3 de maio, no Espaço Parlapatões. Confira a entrevista abaixo.




O que é o Anel de Magalão?


É um texto de Luis Alberto de Abreu escrito em 1995 e que tem a temática do teatro popular, especificamente a comédia popular. O anel representa aqui um símbolo do divino, já que é tido como solucionador de problemas, algo além do nosso poder que nos concede o que queremos e desejamos. Em outras palavras, é um talismã, que, quando em nossa posse, nos dá poder, uma força que cremos não existir dentro de nós.

O que Luis Alberto de Abreu traz do imaginário popular brasileiro?


Abreu vai fundo nas raízes da comicidade brasileira, indo desde Martins Pena até Arthur Azevedo, com influência da commedia dell'arte e do rítico crusso Mikhail Bakthin. Ele passou anos pesquisando os circos, teatros mambembes e autores como os já citados para caracterizar suas personagens populares com tanta realidade e comicidade, conseguindo total aproximação e identificação com seu público.

Quais são a características de cada personagem?


Os personagens são apoiados em tipos populares de diversas nacionalidades, facilmente identificados, como o português dono da mercearia, o italiano sovina, a portuguesa bigoduda e mau humorada, o mineiro que representa o "jeitinho brasileiro" etc.

De que forma os personagens entram e saem das confusões, enganos e conflitos uns com os outros?


Através do improviso, da fluência com que as mesmas tomam conta do texto e do apuro dos diálogos. Todas as personagens são movidas por interesses pessoais, na maioria problemas financeiros, e usam umas as outras para conseguir o que desejam. O interessante é que os planos pessoais acabam tornando-se confusões hilárias, e mais uma vez eles se voltam um para o outro para tentar se livrar dos problemas. E é exatamente disso, do uso do riso, da comédia, que resulta a identificação do espectador com a história.

Como a Cia. Dom Caixote trabalha com o humor e a crítica social?


A Companhia, desde o início, tem a preocupação em escolher textos de teatro que abordem mais do que uma simples história para entreter. Eu procuro montar peças que tenham algo a mais para comunicar, que possam transformar, nem que sutilmente, cada espectador. Além de manter presente o humor, a companhia também se preocupa com a crítica social, mas não de uma maneira pejorativa e, sim, buscando analisar o que está sendo contado de fato pelo texto. Fazemos para expor a intenção primeira da obra para o público, de maneira mais clara, mas sem um ponto final, sem certo nem errado. Permitindo assim, que o espectador possa pensar por si, chegando em conclusões que surgam de acordo com seu repertório interior.

Um comentário:

Raquel Souza disse...

A peça é muito engraçada. Dei risadas do início ao fim! O cenário é muito bonito e criativo, dá gosto de assistir.
Muito boa, recomendo a todos.