segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011


Mauro Baptista as reflexões de Êxtase

O Parlapablog conversou com Mauro Baptista, diretor do espetáculo Êxtase, em cartaz no Espaço Parlapatões até domingo, 13 de fevereiro. A história do espetáculo se passa em 1979, Londres, onde um grupo de velhos amigos leva uma vida amarga, no limite da razão. Confira a entrevista.

Qual a relação da história, que se passa em 1979, e as centenas de histórias entre amigos e casais de hoje nas metrópoles brasileiras, como São Paulo?

Nenhum dos quatro personagens principais de Êxtase é de Londres; são portanto, imigrantes, pessoas que chegaram a essa grande metrópole em busca de emprego e em Londres fizeram amizades, casaram ou não, tiveram filhos, passaram sua juventude, experimentaram momentos de camaradagem e amor e também de muito desamparo e solidão. É importante dizer que são personagens da classe operária. São Paulo, como uma grande megalópole brasileira, e acredito, quarta maior cidade do mundo, possui muitas histórias de pessoas, amigos e casais similares, vindos de outras regiões do Brasil e até de outros países, em busca de melhores oportunidades. É uma peça sobre o amor e a amizade, mas também sobre o desamor e a solidão. Uma reflexão sólida sobre o amor não existe sem mostrar a outra cara, o desamor.

__________________

“Uma reflexão sólida sobre o amor
não existe sem mostrar
a outra cara, o desamor”

__________________


Os personagens passam por diferentes mudanças e pontos de vista no decorrer da narrativa. Qual dessas mudanças é a mais significativa?

Passam sim, mas como em toda peça de Mike Leigh, cada personagem tem um ponto de vista muito particular. Portanto, Isso varia de personagem a personagem nesta peça. Acredito que Jane, a protagonista, é quem experimenta a maior mudança, já que no decorrer da peça ela é
consciente de sua solidão, da extrema dificuldade de suas condições de vida, de sua solidão, dos erros que cometeu. Len também, sem querer, é obrigado a relembrar os velhos tempos e como curtiu bons momentos com seus três amigos e ao mesmo tempo como sofreu no relacionamento com Jane e em geral com as mulheres. Mick e Di começam numa rotina de agressividade do cotidiano e no decorrer da peça percebem como é forte o amor que ambos experimentam um pelo outro.


Em que você mais se identifica com o universo criado por Mike Leigh neste espetáculo?

Com a tristeza e a melancolia genuína, com a dura realidade que esses personagens se deparam no dia-a-dia, na sua vida cotidiana, e como mesmo assim, tentam ser felizes de qualquer jeito, com pouquíssimo dinheiro e oportunidades. Me identifico também com esses personagens tão
densos, complexos e profundamente humanos.


Êxtase
Sábados às 21h e domingos às 19h
R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)

Nenhum comentário: